Sistema respiratório
3.3. Sistema respiratório
Uma das formas de metabolismo celular é a respiração
celular, que consiste na oxidação da molécula da glicose, formando dióxido de
carbono e água.
Em alguns animais, as trocas gasosas ocorrem na
superfície da pele; em outros, localiza-se em regiões especificas do corpo,
formando órgãos especializados nas trocas gasosas.
3.3.1. Evolução dos sistemas respiratórios
Os protozoários, esponjas, celenterados e platelmintes
realizam trocas gasosas por difusão.
Figura 18: Trocas gasosas por difusão. |
Respiração cutânea
A respiração cutânea pode ocorrer em animais aquáticos
como as esponjas, os celenterados e os platelmintes aquáticos, assim como em
animais terrestres, como minhocas e anfíbios (rá).
O ambiente húmido é importante para a respiração cutânea,
pois a superfície da pele deve estar sempre húmida para permitir a difusão
gasosa.
Respiração branquial
Os peixes e a maioria dos animais aquáticos apresentam
brânquias como órgãos respiratórios.
As brânquias são estruturas lamelares muito delgadas e
vascularizadas, agrupadas por estruturas ósseas, os arcos branquiais. Em cada
arco branquial existem filamentos branquiais e cada filamento possui uma série
de lamelas branquiais onde ocorrem as trocas gasosas. A água, ao passar entre
os filamentos branquiais, troca gases (deixa O2 e recebe CO2)
com o sangue que circula pelos capilares.
Os peixes apresentam brânquias internas que se alojam em
cavidades branquiais protegidas por estruturas denominadas opérculos, que
facilitam a ventilação.
Figura 19: Brânquias. |
Respiração traqueal
A maioria dos artrópodes apresenta traqueias para
realizar trocas gasosas.
As traqueias comunicam com o exterior através de
espiráculos e têm reforços quitinosos anelares que as mantém sempre abertas.
Algumas possuem válvulas.
Respiração pulmonar
A maioria dos animais terrestres e todos os vertebrados
apresentam pulmões como órgão que permite trocas gasosas.
Os pulmões localizam-se na caixa torácica e são limitados
lateralmente pelas costelas e músculos intercostais. Na região inferior, são
limitados pelo diafragma. A envolver os pulmões existem duas membranas pleurais
e entre elas circula um líquido lubrificante que permite que os pulmões se
movimentem sem atrito.
As aves e os répteis não apresentam diafragma, por isso,
apenas o movimento das costelas provoca o aumento e a diminuição do volume dos pulmões.
Os anfíbios, como a rã, não apresentam costelas nem
diafragma, por isso tem um mecanismo especial para encher os pulmões.
Figura 20: Pulmões de vertebrados e pulmões humanos. |
Ventilação pulmonar
O mecanismo de entrada e saída do ar nos pulmões
denomina-se ventilação e depende apenas das alterações do volume da
caixa torácica e dos pulmões. O aumento deve-se contracção dos músculos
intercostais e do diafragma (inspiração); a diminuição deve-se distensão dos
mesmos músculos e do diafragma (expiração).
Figura 21: Movimentos respiratórios. |
Durante a inspiração, verifica-se o aumento do volume da caixa torácica devido à contracção dos músculos intercostais, que elevam as costelas e o esterno para fora e para cima. O aumento do volume da caixa torácica provoca a diminuição da pressão de ar dentro dos pulmões. O ar entra nos pulmões.
Durante a expiração, verifica-se a diminuição de volume
da caixa torácica devido ao relaxamento dos músculos intercostais. Estes
movimentam as costelas e o esterno para baixo e para dentro. O diafragma sobe.
A diminuição do volume da caixa torácica aumenta a pressão do ar nos pulmões,
fazendo o ar sair.
Estrutura e função dos alvéolos pulmonares
Figura 22: Hematose nos alvéolos.
O sangue venenoso que entra nas capilares alveolares tem uma elevada pressão de CO2 libertado pelos tecidos e uma baixa pressão de O2 cedido pelos tecidos. Quando ocorre a difusão, o O2 difunde-se pelo sangue e o CO2 é eliminado.
|
O2 |
CO2 |
Ar inspirado |
21% |
0,03% |
Ar expirado |
14% |
5% |
O transporte do oxigénio e do dióxido de carbono é feito,
em parte, pelos pigmentos respiratórios.
Estes são moléculas orgânicas constituídas por proteínas
e iões metálicos. Nos animais, os pigmentos respiratórios são os seguintes:
hemoglobina, vermelha, localizada nos glóbulos
vermelhos e plasma, e com o ferro como elemento metálico;
a hemocianina, azul, localizada no plasma e com o cobre como elemento metálico;
a hemocritina, de cor vermelha, localizada em corpúsculos especiais e com o
ferro como elemento metálico; e a clorocruorina, de cor verde, localizada no
plasma, e com o ferro como elemento metálico.
A hemoglobina é o pigmento transportador mais eficiente
porque cada molécula pode combinar-se simultaneamente com quatro moléculas de
oxigénio e separar-se delas facilmente.
Transporte de O2
Nas superfícies respiratórias, a pressão do oxigénio é
menor no sangue do que no ar. Sendo assim, o O2 entra no sangue; a
maior parte nas hemácias e uma pequena parte dissolve-se no plasma.
Nas hemácias, o O2 combina-se com a
hemoglobina, formando-se a oxiemoglobina. A equação seguinte descreve a reacção:
- Nos pulmões:
Hb + 4O2
→ Hb(O2)4
(Hemoglobina) (Oxiemoglobina)
- Nos tecidos, a pressão do oxigénio é nula, pois o oxigénio é consumido pelas células. A reacção é reversível:
Hb(O2)4 →
Hb + 4O2
Transporte de CO2
O dióxido de carbono pode ser transportado combinado com
hemoglobina, formando a carboemoglobina, HbCOz, com apenas 27% de CO2.
O CO2 é transportado principalmente sob a
forma de iões bicarbonato (HCO3-) no plasma (64%). Os
restantes 9% de CO2 são transportados dissolvidos no plasma.
Nos tecidos, a tensão em CO2 é alta; o O2
é consumido e é produzido o CO2. Uma parte do CO2 sai dos
capilares e difunde-se no plasma e no conteúdo dos glóbulos vermelhos.
Apenas uma pequena parte se dissolve no plasma; outra
parte combina-se com a hemoglobina, formando a carboemoglobina. Grande parte reage
com a água, originando ácido carbónico (H2CO3). Este,
sendo instável, origina o ião bicarbonato (HCO3-), tal
como se representa nas equações seguintes:
CO2
+ H2O → H2CO3 → HCO3- + H+
(ácido carbónico) (ião carbonato)
CO2 + Hb →
HbCO2
(hemoglobina) (carboemoglobina)
Nos pulmões, a tensão em CO2 é baixa; as reacções
ocorrem de modo inverso.
H+ +
HCO3- → H2CO3 → H2O
+ CO2
Nos tecidos, o ião H+ fixa-se a algumas
moléculas de hemoglobina, reduzindo-as a HHb. Este processo evita que o valor
do pH do sangue baixe demasiado.
Nos pulmões, os iões H+ libertam-se da
hemoglobina e reagem com os iões bicarbonato, o que provoca a libertação de dióxido
de carbono:
H+ + HCO3- → H2O
+ CO2
Algumas doenças do sistema respiratório
Tuberculose –
é uma doença causada por uma bactéria denominada bacilo de Koch, Transmite-se
através de espirros, tosse sem protecção ou partilha de loiça.
Bronquite – é
a inflamação dos brônquios, os canais através dos quais o ar chega aos
alvéolos. Existem dois tipos, a bronquite aguda, que é causada por vírus ou
bactérias e que dura diversos dias ou semanas, e a bronquite crénica, que dura
anos. Esta geralmente faz parte de uma síndrome chamado doença pulmonar
obstrutiva crónica.
Cancro do pulmão –
a expansão e transformação maligna do tecido pulmonar. E dos tipos mais letais
de cancro. E causado sobretudo pelo tabaco e afecta mais homens do que
mulheres, embora o número de cancro de pulmão em mulheres esteja a aumentar.
Asma –
é uma doença inflamatória das vias respiratórias que resulta na redução ou até
mesmo na obstrução no fluxo de ar. Está relacionada com factores genéticos e
ambientais que se manifestam através de crises de falta de ar.
Pneumonia –
é provocada pela penetração de um agente infeccioso ou irritante (bactérias,
vírus, fungos e por reações alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca
gasosa. Esse local deve estar sempre muito limpo, livre de substâncias que
possam impedir o contacto do ar com o sangue.
Para manter a saúde do sistema respiratório, é da máxima
importância evitar o tabaco, evitar o fumo e lugares fechados e praticar
exercício físico.
Bibliografia
MANJATE, Maria Amália; ROMBE, Maria Clara. Biologia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.
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